A morte de Ivan Ilitch

A morte de Ivan Ilitch

A partir da crítica sutil e irônica do universo de classe média na Rússia Imperial, Tolstói vai ao extremo da mente de seu protagonista e de sua crise existencial. Após se consagrar com a publicação de longos romances, entre os quais "Guerra e paz" (1863–1869) e "Anna Kariênina" (1873–1878), Tolstói publica, em 1886, "A morte de Ivan Ilitch", que integra uma série de textos breves que o autor produziu por volta de seus 50 anos. Nessa concisa narrativa, o escritor russo detém se sobre a "corriqueira", e por isso mesmo "terrível", vida de um funcionário público médio, preenchida por ambições mesquinhas e relações regidas por interesses e conveniências. É apenas a partir do distanciamento, que a iminência da morte lhe impõe, que Ivan Ilitch torna-se capaz de reavaliar a vida que levou até então. Diante do seu inevitável fim, o protagonista não enxerga mais sentido nos seus esforços infindos para seguir à risca os protocolos sociais e adequar-se ao mundo das aparências. Percebe como suas escolhas priorizaram aquilo que se esperava de um homem que ocupava sua posição social, mas que muitas delas não foram mais do que fontes de aborrecimento, em nada contribuindo para sua verdadeira felicidade. Através da existência medíocre de Ivan Ilitch, o romance tece uma crítica sutil, salpicada com amaciada ironia, que expõe as futilidades e pequenezas da classe média na Rússia Imperial. Mas, no longo caminho da mediocridade cotidiana à morte solitária, a narrativa se esvai da preocupação comezinha e atinge algo sublime nas reflexões da personagem. Assim, saímos sutilmente do universo cotidiano, mesquinho, ganancioso e pretensioso das repartições, para irmos, paulatinamente, ao mais íntimo psicológico de Ivan Ilitch. 

R$ 49,00

Ficha Técnica

ISBN 978-85-7715-894-2
Ano de Publicação 2024
Edição
Páginas 100
Dimensões 14 × 21 cm
Idioma Português

sobre os autores

Lev Nikoláievich Tolstói

Lev Nikoláievich Tolstói

Lev Nikoláievich Tolstói (1828-1910) nasceu na famosa propriedade rural de Iásnaia Poliana, e morreu aos 82 anos na estação provincial de trem de Astápovo. O percurso que se inicia na grande propriedade e termina na pequena estação nada tem de aleatório, mas possui muito de simbólico, pois Tolstói estava em fuga — e em fuga da riqueza para a pobreza, do estável para o incerto, do grande para o pequeno, do teatro social para a simplicidade pessoal. Iniciou com sucesso sua carreira literária com a trilogia Infância, Adolescência e Juventude (1852–1856). Casou-se com Sófia Andréievna, com quem teria 13 filhos em 15 anos, concebendo, no mesmo período, seus maiores frutos literários: Guerra e paz e Anna Kariênina. Em sua busca existencial, ambicionou amalgamar cristianismo primitivo, renúncia pessoal e material, anarquismo e pacifismo. Ao mesmo tempo em que criava grandes obras da literatura mundial (A morte de Ivan Ilitch, Sonata a Kreutzer, Ressurreição, Hadji Murat), confrontava suas circunstâncias, seus familiares e as autoridades a fim de implementar suas ideias em sua vida e em sua casa: adotou hábitos “monásticos”, libertou os servos de sua propriedade e renunciou aos seus direitos autorais, além de se dedicar ao ensaísmo.

Tradução

Irineu Franco Perpetuo

Irineu Franco Perpetuo

Irineu Franco Perpetuo é jornalista, tradutor e crítico de música. Autor, entre outros, de História concisa da música clássica brasileira (Alameda editorial, 2018). Entre suas traduções, consta Vida e Destino, de Vassili Grossman (Ed. Alfaguara, 2014, Prêmio Jabuti de Tradução).