Frankenstein
Mary Shelley Tradução Bruno Gambarotto · Ilustração Ulysses Bôscolo

Frankenstein

Mary Shelley fez parte do grupo principal do romantismo inglês, ao lado de seu amigo Lord Byron e de seu marido, o poeta Percy Shelley. E foi literalmente ao lado deles, em um castelo à beira do lago Constança, na Suíça, onde passavam uma temporada, que ela se isolou em um quarto para escrever "Frankenstein, ou o moderno Prometeu", romance gótico ou de terror, um dos modelos do gênero ao lado dos contos de Poe e do Drácula de Bram Stocker. Ao lado disso, e à diferença de seus pares, o livro de Mary Shelley tem uma dimensão a mais, e provavelmente maior, ao ser, em sua gênese, um romance de ideias, ainda que não seja, felizmente, um romance de tese (ou proselitista). A ideia em questão era a desconfiança ou recusa do novo mundo socioeconômico e cultural nascido com a Revolução Industrial, origem, aliás, do próprio movimento romântico. A tecnologia mais avançada da época era, não por acaso, a eletricidade, que começava a ser compreendida e domada através de pesquisas e instrumentos, os mesmos instrumentos e as mesmas pesquisas utilizadas pelo dr. Victor Frankenstein para criar seu novo Adão, ou novo Prometeu, recriando a vida a partir da morte e, portanto, traduzindo pela primeira vez na literatura a expressão brincar de Deus. Claro que não há brincadeira alguma, ao contrário: a tecnologia é um poder neutro e, por isso mesmo, paradoxalmente perigoso, porque não é necessariamente boa (apesar de tampouco ser intrinsecamente má), podendo, então, ser boa ou má, como o próprio desenrolar do enredo de Mary Shelley demonstra (a criatura emerge ingênua para se tornar, por reação a ações humanas, se não ruim, perigosa). A presente tradução foi feita a partir da última edição, de 1881, revista pela própria Mary Shelley.

R$ 92,94

Ficha Técnica

ISBN 978-85-7715-314-5
Ano de Publicação 2013
Edição
Páginas 272
Dimensões 13 × 21 cm
Idioma Português

sobre os autores

Logo Hedra

Mary Shelley

Mary Wollstonecraft Shelley (Londres, 1797–Bournemouth, 1851) será sempre lembrada por seu romance de estreia e mais conhecida criação, o clássico Frankenstein, ou o Prometeu Moderno (1818). Filha de duas grandes figuras literárias da Inglaterra de fins do século xviii— a protofeminista Mary Wollstonecraft (autora de A Vindication of the Rights of Woman, que morreria meses depois de dar à luz a filha Mary) e o romancista, filósofo político e pedagogo William Godwin (autor do conhecido Things as They Are; or The Adventures of Caleb Williams) —, Mary cresceria cercada do melhor do pensamento radical e artístico europeu em um período fundamental para a história europeia e mundial. Dentre os entusiastas dos acontecimentos de França e críticos do poder monárquico inglês presentes aos debates e encontros na casa de Godwin, estava o poeta Percy Bysshe Shelley (1792–1822), que da admiração ao pai passaria a um caso e, precocemente viúvo, ao casamento com a filha. A relação entre Shelley e Mary seria importantíssima para o desenvolvimento literário da escritora: sem o encorajamento (e, segundo consta, também a pena e os primeiros cuidados editoriais) do poeta, é possível que Frankenstein — concebido durante viagem do casal à Suíça, onde frequentavam a casa de Lord Byron (1788–1824) — jamais tivesse vindo a lume. Já sem Shelley, morto em um naufrágio na Itália, em 1822, e decidida a viver da própria escrita, Mary produziria outros cinco romances, dentre os quais o romance históricoValperga; or the Life and Adventures of Castruccio, Prince of Lucca (1823) e o romance apocalíptico e, para alguns, precursor da ficção científicaThe Last Man (1825), ambos forjados no mesmo caldeirão político deFrankenstein, além de literatura de viagem e trabalhos editoriais, como a organização dos escritos do pai. No entanto, nenhuma das obras da escritora alcançaria a notoriedade de Frankenstein, que a partir da década de 1820 seria levado aos teatros (fundamentais para a transformação futura do romance em obra fílmica) e à apreciação do grande público. Mary Shelley morreria, possivelmente vítima de um tumor cerebral, em 1851.

Tradução

Bruno Gambarotto

Bruno Gambarotto

Bruno Gambarottoé tradutor, editor e doutor em Teoria Literária e Literatura Comparada pela Universidade de São Paulo. Especialista no estudo das relações entre literatura e sociedade e em literatura norte-americana do século xix, traduziu títulos como Jaqueta branca (Zahar, 2021) e Moby Dick (Zahar, 2022), ambos do próprio Melville, Frankenstein (Hedra, 2017),1984 (Biblioteca Azul, 2021) e Dias exemplares (Carambaia, 2019), entre outros.

Ilustração