Trauma (Renato Rezende; Juliana de Moraes Monteiro. Editora Circuito) [ART037000]

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    Subtítulo do Livro: Arte contemporânea
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    Quando cai, dizem os geólogos, um cristal se espatifa de acordo com suas estrias internas, de acordo com sua estrutura. Não seria um rompimento aleatório, mas seguiria um ordenamento presente em potência desde sua origem, em seu corpo mineral, em sua singularidade, digamos assim; ou justamente aquilo que faz dele uma pedra única entre outros milhões de minérios. Assim são as pessoas, pensando nas arqueologias freudianas: elas se arrebentam segundo sua estrutura patológica, e esse arrebentar-se seria o pleno florescimento do sintoma, a revelação de uma verdade somente a duras penas alcançada, uma verdade até então controlada e evitada, de uma singularidade que é marca mais profunda de cada um; e a cada um escapa e surpreende. Questão clínica das mais importantes, o que fazer depois da queda consumada, agora incontornável? Como reconstruir-se após um surto, um trauma renovado, uma passagem ao ato? O que fazer com um corpo (uma imagem de corpo ou de mundo) estourado, com as entranhas expostas? Um (outro) sujeito (um pós-sujeito?) precisa de novo (ou enfim) ser constituído, ou costurado, deslocar-se talvez de um lugar de gozo mortífero para outro ponto de partida, para ele mais salutar e possível. Reinventar-se. Civilizações também tombam, e de suas ruínas se apreende as linhas determinantes de seus destinos (enquanto algo se mantém opaco, se ilumina apenas como fatalidade). A cultura cristã ocidental, na qual o Brasil se insere com alguma dificuldade, vive um processo de anomia que se agrava há décadas, e a este processo histórico denominamos “contemporâneo”. [...] Diante do trauma de processos históricos violentos — traumas que afetam até os ossos da linguagem —, o Brasil, esse lugar fadado ao moderno, ou a sempre ser um país do futuro, e que, justamente por isso, terá que alguma hora realmente enfrentar seu passado, pois seu projeto de nação parece dormir no berço atemporal de suas origens traumáticas, nos aparece como um lugar privilegiado para traçar não apenas novas historiografias, mas indicar outras alternativas civilizatórias.