Orides Fontela  (1940–1998) 

nasceu em São João da Boa Vista. A origem modesta não a impediu de criar uma das mais sólidas obras poéticas do Brasil no século XX. A autora concluiu o curso normal em sua cidade natal e tornou-se professora. Seu primeiro livro, Transposição (1969), já nasceu consagrado, com o entusiasmo do parceiro dos bancos escolares Davi Arrigucci Júnior, que incentivou a amiga a publicar e a mudar-se para São Paulo, onde ela estudaria Filosofia na usp. As leituras acadêmicas se combinaram, desde cedo, ao misticismo cristão e à meditação oriental — combinação que deixou marcas em seus poemas. Seu terceiro livro, Alba (1983), conquistou o prêmio Jabuti de Poesia; Teia (1996) alcançou o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (apca); seus poemas foram elogiados, em diversos momentos, por críticos do porte de Antonio Candido, Décio de Almeida Prado, Alcides Villaça, Augusto Massi e José Miguel Wisnik. Esse reconhecimento da crítica contribuiu para que a autora, em momentos pontuais, alcançasse mais leitores, mas só recentemente sua obra vêm conquistando a atenção que merece.

​Transposição
 
O primeiro livro de Orides Fontela em nova edição.

Transposição (1966–1967) é o primeiro livro de Orides Fontela, publicado originalmente em 1969. Os poemas foram escritos na adolescência e na juventude da escritora, quando ainda morava em São João da Boa Vista, sua cidade natal. Para organizar e lançar o livro, Orides contou com a ajuda do crítico literário Davi Arriguccci Júnior, naquela época ainda um estudante de literatura, conhecido da escritora desde a infância. Divididos em quatro partes, os poemas de Transposição medeiam entre o aqui e o agora do poema e a dimensão essencial, transcendente — ou ainda, “pairam lá em cima”, repousam “A um passo impossível”, na mesma medida em que estão atentos ao real. Em Transposição, Orides Fontela abre a intrincada cadeia de símbolos que lhe mar- cará o conjunto da obra, por meio de imagens associadas à natureza, como a de “Girassol”, que dialogará com Helianto (1973), e a de “Aurora”, que pressagia o futuro Alba (1983).


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